segunda-feira, 17 de maio de 2010

O urânio e a vitória da diplomacia brasileira

Certamente você deve ouvir com muita freqüência notícias referentes a uma substância química chamada urânio, não é? Bem, sempre quando ouço me faço a seguinte pergunta: será que as pessoas sabem do que se trata? Eu mesmo tenho muitas dúvidas e dificilmente vejo a mídia fazer esclarecimentos a esse respeito. Para você que acompanha este blog e, eventualmente, tenha alguma dúvida sobre isso, o que posso dizer é que urânio é um mineral encontrado em rochas. Quando puro, é sólido, muito duro e denso, de aspecto cinza à branco, bem parecido com a coloração do níquel. O urânio encontrado na natureza é pobre e, para a maioria das finalidades, tem que ser enriquecido, processo que acaba gerando muitas desconfianças pelo mundo.

Essa é uma pequena rocha de urânio

O urânio pode ser:

Pobre – utilizado em blindagem de tanques de guerra, desenvolvimento de munições e contrapeso para carcaça de aviões.

Pouco enriquecido – utilizado como combustível em usinas nucleares para geração de energia elétrica.

*Altamente enriquecido – utilizado para construção de bomba atômica.

Se inalado, o urânio produz envenenamento e também pode provocar o desenvolvimento de cânceres. Muito embora o urânio seja alvo de atenção de muitos governos, a grande preocupação mundial não está no fato do produto ser nocivo à saúde pública, mas por originar armas temíveis para a humanidade, materiais de guerra com poder de destruição em massa.

As maiores reservas de urânio do mundo estão localizadas em:

1º Cazaquistão
2º Austrália
3º África do Sul
4º EUA
5º Canadá
6º Brasil

Desde fevereiro, o mundo tem assistido atônito o avanço do programa nuclear do Irã, que passou a enriquecer urânio a 20%, muito acima do permitido no Tratado de Não-Proliferação Nuclear. Embora o governo alegue uso da tecnologia para fins pacíficos, essa empreitada iraniana tem tirando o sono de muitos líderes mundiais, tanto que Grã-Bretanha, EUA, França, Alemanha, Rússia e China estavam defendendo sanções severas para a República Islâmica.

Mina de exploração do urânio


Ponto brasileiro

Pois bem, só agora cheguei onde queria... rsrsrs (brincadeira, to concluindo). Nesse final de semana, o presidente Lula e o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim conseguiram o que muitos desses líderes mundiais dificilmente teriam habilidade para fazer. Numa tacada de mestre, a diplomacia brasileira promoveu o consenso entre o Irã e a Turquia para a formalização de um acordo nuclear histórico. Dentro de um mês, a República Islâmica passará a enviar urânio para ser enriquecido na Turquia em troca de combustível para um reator de pesquisas médicas. Esses entendimentos amenizam um pouco as preocupações internacionais sobre as ambições atômicas do Irã.

O mérito é exclusivo do Brasil. O nosso presidente foi corajoso e persistente. Buscou o diálogo a todo instante. Assumiu o papel de articulador e contemporizador. Mostrou ao mundo como se negocia e calou a boca de um montão de idiotas que subestimaram a capacidade tupiniquim. Com esse gesto grandioso, o Brasil, definitivamente, passa a gozar de respeito e prestígio internacional. E digo mais: nosso país pode ser ainda mais decisivo em muitos outros assuntos de interesse mundial, como por exemplo, a paz no Oriente Médio. Agora, se o acordo será cumprido ou não é outra história, mas está provado que o diálogo é mesmo ‘o melhor caminho para resolver conflitos’. Os princípios históricos da política externa brasileira da não-intervenção, da autodeterminação dos povos, da cooperação internacional e da tentativa de solução pacífica de conflitos é o que está fazendo desse país uma reconhecida potência diplomática.

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